Terça-feira, 29 de Março de 2022

O Cervense, Domingos Alves Rocha

      Domingos Alves Rocha, nasceu em Cerva a 23 de abril de 1902.

      Bastante jovem foi estudar para o Porto, tendo regressado mais tarde a esta Vila de Cerva.

      Aqui foi, funcionário dos Correios de Cerva, durante muitos anos;. dirigiu a delegação dos Serviços do Grémio da Lavoura até à sua extinção; fez parte da Junta de Freguesia, da Santa Casa da Misericórdia e da Comissão de Melhoramentos da Vila de Cerva.

      Homen energico, conseguiu uma proveitosa visita a Cerva do "Ministro das Obras Públicas e Comunicações", Coronel Pires Monteiro e do presidente da "Junta Autónoma de Estradas", General Teófilo Trindade. Como resultado destas visitas, foi então atribuida uma importante verba para a construção em 1935 da atual Ponte da Reta de Cerva sobre o rio Póio e abertura do novo troço de estrada  entre esta ponte e Asnela, a qual estava pendente de 6 quilómetros;  visto que já existia há mais de 50 anos a da Portela de Santa Eulália até à Ponte Romana de Cerva.

       Editou a primeira edição de postais da Vila de Cerva, com uma grande tiragem, que constituiu uma grande divulgação desta vila.

Vila de Cerva - Domingos Alves Rocha.

      Forneceu elementos à "Associação dos Arqueólogos Portugueses" para se fazer o estudo sobre o Brasão de Armas da Vila de Cerva.

      Por seu convite fez com que, o ilustre escritor, investigador jornalista,. Batista de Lima visitasse esta Vila de Cerva e escrevesse uma brilhante descrição histórica desta vila, em diversos números do semanário “Correio de Portugal”.

      Foi defensor, quando criação da comissão para o estudo da linha férrea do Vale do Tâmega, da diretriz Arco de Baúlhe - Cerva - Vila Pouca de Aguiar, que teve parecer favorável do próprio Estado Maior do Exército.

      Devido ao seu empenhamento, conseguiu a licença para os transportes públicos de passageiros entre Cerva - Mondim de Basto - Guimarães - Porto, concessionada à então "Auto Mondinense, Lda".

      Foi um colaborador dedicado na organização e efetivação da “Confraternização Cervense".

      Foram da sua autoria muitas publicações de reportagens gráficas na imprensa diária.

      Foi representante concelhio; em Lisboa no congresso centenário do “Diário de Notícias” e no Porto nas celebrações centenárias de “O Comércio do Porto”.

      Cerva ainda hoje lhe está grato, por conseguir  concretizar muitos dos anseios de então a esta Vila, tendo deixado muitas saudades a todos os Cervenses aquando do seu falecimento em 1983.

     Por  tudo o que fez por esta esta Vila de Cerva, atribuir a uma rua ou a um largo o seu nome, não seria nada despropositado. Aqui fica a sugestão.

publicado por Abraão Mendes às 00:33
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Terça-feira, 1 de Dezembro de 2020

Senhor de Cerva - Herói da Restauração da Independência!

      Dom António Luiz de Menezes, filho de Dom Pedro de Menezes e Dona Constança de Gusmão, nasceu a 13 de Dezembro de 1596. Foi donatário de Cerva, Atei,  Mondim e de muitas outras terras, mas era apelidado de “Senhor de Cerva”.

      Foi um dos quarenta Nobres conjurados e um dos elementos mais ativos nas guerras da restauração da independência de 1 de Dezembro de 1640. Tomou parte em quase todas as batalhas contra os Castelhanos.

      Inicianda a 4ª Dinastia (de Bragança) e a soberania de Portugal, foi então agraciado com o título nobiliárquico de “1º Marquês de Marialva” 3º Conde de Cantanhede, a 11 de Agosto de 1661, por Dom Afonso VI.

Vila de Cerva - Cruzeiros da Independência

   Comandou as Tropas Portuguesas nas Batalhas de Linha de Elvas e de Montes Claros com três mil e quinhentos homens transmontanos, tendo infligido uma grande derrota aos exércitos vindos de Castela. Finalisou, assim, com esta vitória, a Guerra da Restauração, consolidando e recuperando definitivamente a independência a Portugal, que havia tido sida perdida há 60 anos com o inicio da 3ª Dinastia (Filipina), posteriormente participando em muitos outros cargos no Reino, até ao seu falecimento a 16 de Agosto de 1675.

      Em homenagem deste heróico feito, foram levantados vários cruzeiros no então Concelho de Cerva, denominados da independência, e que permanecem ainda nos dias de hoje.

      Só a partir de 1910, com a implantação da República é que foi instituído o Feriado Nacional de 1 de Dezembro, dia da "Restauração da Independência" de Portugal.

publicado por Abraão Mendes às 00:00
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Terça-feira, 6 de Outubro de 2015

Cervense recebe prémio internacional de Jovem Compositor

     

     Nuno Costa com 28 anos, natural de Cerva, conquistou no dia 2 de Outubro o Prémio de Jovem Compositor da Sociedade Internacional para a Música Contemporânea com a peça "Pater Noster".

      A distinção do trabalho para coro "a cappella" a oito vozes foi atribuída ao Nuno Costa durante os "World Music Days" (Dias Internacionais da Música) que decorreu em Liubliana, capital da Eslovénia. É de salientar que é a primeira vez que o prémio é atribuído a um português.

     “Pater Noster” foi considerada pelo júri como sendo uma peça de “contrastes, com uma forte linha direcional, mantendo a intensidade, desde o início até ao fim”. 

      A obra mostra uma “nítida intenção das ideias do compositor”, bem como uma “linguagem musical própria”, salientou o júri.

     O compositor explicou que na obra “o texto do Pater Noster é usado em latim, mas a dinâmica da sua composição tem em conta a experiência da sua perceção em português”. “Interessa-me a forma própria da nossa forma de nos expressar (na linguagem falada) e os sons resultantes que vão além da fonética, tendo em conta a forma como são articulados e o que daí advém enquanto som”, referiu Nuno Costa.

Vila de Cerva - Compositor Nuno Costa

     O texto, inserido num contexto de música sacra, apresenta-se como um “desafio ainda maior”, considera o jovem compositor, frisando que “a aproximação ao texto sagrado é feita segundo a perspetiva de alguém que identifica a oração a partir da experiência coletiva da sua recitação”.

      Foi com base neste princípio, que “a ideia musical foi desenvolvida, tendo em mente o conceito de multidão", explicou Nuno Costa.

O jovem compositor realça ainda que, “acima de tudo, há uma tentativa de explicar as diferentes condições do Ser, da condição temporal à espiritual”.

      Nuno Costa estuda na Academia Nacional de Santa Cecília, em Roma. Fez os estudos no Conservatório Real de Antuérpia e na Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo, no Porto. Acompanha de perto a obra do padre e compositor Joaquim dos Santos.

      A sua música já foi apresentada em diferentes palcos da Europa, como no de Singel International Art Campus, Auditorium Parco della Musica ou Teatro la Fenice.

    O seu percurso inclui ainda a participação em projetos artísticos multidisciplinares no Porto, onde algumas das suas obras foram interpretadas em igrejas. Entre 2007 e 2011 foi maestro do Coral de Chaves. Para breve está prevista a sua estreia naquele que é considerado o principal teatro lírico de Veneza, o "La Fenice", e a sua obra "Discursos" vai ser apresentada na Austrália.

R.R.

       Parabéns Nuno...  

 

   Atualização em 08/01/2016:

    O Jornal "Público" teve em votação a "P3rsonalidade do Ano 2015" até ao dia 4 de Janeiro. Entre os dez candidatos esteve o nosso compositor Nuno Faria Costa, como podemos ver em P3.Publico.PT  nos resultados da votação!

    O primeiro classificado e vencedor da "P3rsonalidade do Ano 2015" foi... Nuno Costa, com 3793 votos, com uma diferença de votação, do segundo de 1967 e do terceiro 2474.

    Parabéns! 

publicado por Abraão Mendes às 00:00
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Terça-feira, 20 de Janeiro de 2015

Reverendo Joaquim Afonso Gonçalves

      Joaquim Afonso Gonçalves, nasceu em Cerva a 23 de Março de 1781, foi uma grande figura na importância das relações entre Portugal, Macau e China.

      Entrou no Seminário de Rilhafoles, Lisboa a 17 de Maio de 1799 e tomou os votos em 18 de Maio de 1801.

      Partiu de Lisboa em 1812 com o destino de fundar o Observatório Astronómico de Pequim, chegado a Macau a 28 de Junho de 1813, e devido à conjuntura política na corte imperial, não podendo prosseguir, aí ficou permanentemente entre os lazaristas.

      Entrando no Real Colégio de São José, destinado somente para alunos chinas, visto não haver naquela cidade nenhuma escola pública que desse continuidade ao ensino, e onde apenas falavam ainda um mau português, espontaneamente contribuiu após 1828, para que se abrisse o ensino gratuito a toda mocidade. Aqui aprendeu ele também a língua chinesa escrita e falada, de tal forma, que chegou ao ponto de apresentar várias inovações linguísticas aplicadas ao ensino da gramática chinesa. Aí ensinou as gramáticas, portuguesa, latina, francesa e inglesa, retórica, lógica e teologia para os eclesiásticos; aritmética, álgebra e geometria, com vantagem para os que se destinavam à arte da navegação, a qual na cidade de Macau tinha muita representatividade (português aos chinas e chinês aos portugueses, no sentido de haver uma melhor compreensão entre todos, preenchendo assim as lacunas existentes).

      Publicou várias obras com a chancela do Real Colégio tais como “Grammatica Latina Ad Usum Juvenum” em 1828, “Arte China Constante Alphabeto e Grammática em 1829 (custava quatro patacas), “Diccionário Portuguez-China” em 1831 e “China-Portuguez” em 1833, “Vocabularium Latino-Sinicum” em 1837, “Lexicon Manuale Latino-Sinicum” em 1839, “Lexicon Magnum Latino-Sinicum” em 1841, e os volumes “Versão do Novo Testamento em Língua China”.

Cerva - Reverendo Joaquim Afonso Gonçalves

      Foi membro da Real Sociedade Asiática de Calcutá, da Academia de Ciências de Lisboa e também Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

      Tudo isto prova que foi um grande pioneiro, tanto pedagogicamente, cientificamente e como professor de línguas, tendo formado muitos alunos, que mais tarde assumiram cargos de elevada responsabilidade, na administração portuguesa em Macau.

      O seu corpo foi sepultado no cemitério de S. Paulo e depois transladado para um túmulo na Igreja de S. José, que ostenta um epitáfio latino, cuja tradução reza o seguinte: “A Deus Ótimo e Máximo. Aqui Jaz o Reverendo Sr. Joaquim Afonso Gonçalves, Português, Sacerdote da Congregação da Missão, exímio professor Real Colégio de São José, membro estrangeiro da Real Sociedade Asiática. Solicito pelo bem das missões chinesas, compôs e publicou obras muito úteis nas línguas sínica, latina e portuguesa; foi de costumes irrepreensíveis e exímios pela doutrina, sendo de vida ilibada; cheio de dias, descansou no Senhor, em 3 de Outubro de 1841, aos 60 anos de idade. Os seus amigos e discípulos dedicaram esta lápide em memória de tão ilustre Varão”.

      Em nota final, a igreja onde se encontra o seu túmulo, é um dos edifícios mais antigos da cidade, foram realizadas obras de restauro entre 1998 e 1999, restituindo-lhe a sua originalidade, ainda sob administração portuguesa, e hoje faz parte do centro histórico de Macau.

 

Actualização em 24/03/2017 23h30:

 

      Evocação ao Reverendo Joaquim Afonso Gonçalves

 

     Vai realizar-se no Domingo 26 de Março, a evocação ao Padre e Sinólogo Joaquim Afonso Gonçalves, especificamente na povoação de Tojais, pertencente ao antigo concelho de Cerva e atualmente à Freguesia de Cerva e Limões.

     A cerimónia abrirá às 14h30 com uma Celebração Eucarística presidida de Sua Excelência Reverendíssima o Bispo de Vila Real, D. Amândio José Tomás, seguida pelas 15h30 da Sessão Evocativa com as presenças do Monsenhor Joaquim Albertino da Costa pároco de Cerva, do Padre José Alves da Congregação da Missão e com uma palestra efetuada pela Professora Doutora Anabela Barros da Universidade do Minho.

Homenagem  ao Reverendo Joaquim Afonso Gonçalves

      Pelas 17h00  iniciará um concerto musical "A música através dos séculos".

   Às 17h45 será feito o descerramento da Placa de Evocação ao Padre Joaquim Afonso Gonçalves, que terá as presenças: do Presidente do Município de Ribeira de Pena Arquiteto Rui Vaz Alves, do Presidente da União das Freguesias de Cerva e Limões Fernando Lourenço e do Bispo D. Amândio José Tomás.

      Foi também lançado o livro no dia do seu aniversário de nascimento, "O Método de Joaquim Afonso Gonçalves, para o ensino - aprendizagem do chinês e do português" edição actualizada do códice 7975 da Biblioteca Nacional de Portugal, com introdução critica de Anabela Leal de Barros, caracteres chineses de Ana Ng Cen, apoios da Universidade do Minho, Confucius Intitute e editora "Humus", como tributo por parte da Junta de Freguesia de Cerva e Limões e Camara Municipal a este padre.

Livro Método Chinês Português.jpg

      Assim ficará registada a merecida Homenagem da sua terra ao ilustre Joaquim Afonso Gonçalves, 236 anos depois do seu nascimento e 175 anos após o falecimento.

publicado por Abraão Mendes às 01:51
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Domingo, 27 de Abril de 2014

O Ilustre, José Gonçalves da Silva

      José Gonçalves da Silva, nasceu em Cerva no ano de 1746, foi alcunhado de "Barateiro" no Brasil, indicativo de sucesso nos seus negócios com mercadorias idas da Europa, foi comerciante, construtor naval, importador e exportador, criador de gado, coronel de milícias, cavaleiro da Ordem de Cristo, fidalgo da Casa Real, governador da fortaleza de São Marcos e alcaide-mor de Itapicuru-Mirim e latifundiário.

      Era filho de Gonçalo Fernandes da Silva e Paula Ribeiro Gonçalves Ramalho, neto paterno de António Fernandes e Maria Gonçalves, e materno de António Gonçalves e Maria Ramalho Gonçalves.

      Decidiu embarcar para o Maranhão em 1777 (aos 31 anos de idade) e em janeiro de 1784 há referências de fazer negócio com embarcações, quando deu um atestado a favor do mestre do navio Ângelo Santos, piloto da Nau Nossa Senhora do Rosário, sobre locais de ancoragem.

      Em 1787 obteve a confirmação régia de sua primeira sesmaria, dada pelo governador José Teles da Silva. Cultivou arroz, mandioca, e outros géneros no Cururupu. José Gonçalves já grande comerciante partiu para o negócio de beneficiamento de madeira. Para beneficiar aos portos da Europa, requereu uma faixa de terra na Praia Grande, onde pretendia fazer um grande stock de madeira, o que lhe foi deferida por D. António de Sales e Noronha e confirmada pelo sucessor José teles da Silva, por entenderem que as madeiras serviriam para construir boas casas na cidade e pela proximidade do porto, que permitia facilmente a exportação para a Europa, mas como terras da coroa, passando então assim a ser exportador de madeiras. A sua fortuna não parava de crescer.

      A partir de 1797 começou a cortejar os soberanos de Portugal para deles obter as famosas mercês reais. Mandou dizer ao Reino que tinha enviado na galera União e no bergantim Falcão 1 080 sacas de arroz para ajudar em monições as tropas reais portuguesas que estavam em luta com as espanholas.

Nesse mesmo ano José Gonçalves remeteu 20 contos de réis a título de empréstimo, para despesas de guerra. A rainha por intermedio do ministro D. Rodrigo de Sousa Coutinho enviou-lhe as honras da tão ilustre ação, passando a carta de lei a José Gonçalves da Silva o hábito de cavaleiro professo da Ordem de Cristo no Palácio de Queluz em 6 de agosto de 1797.

      Por provisão de José Teles, novo governador, nomeou José Gonçalves tesoureiro da Fazenda Real, cargo que ocupou durante doze anos. Antes fora Juiz de fora de 1789 a 1793.

Cerva - Governador, José Gonçalves da Silva

      José Teles passou uma atestação em 15 de maio de 1797 em favor de José Gonçalves, considerando-o “honrado, muito verdadeiro e maneja avultado comércio para praças da América, e para a desta capital e cidade do Porto”.

      Não havia limites para os ganhos de José Gonçalves. Com operários e engenheiros que levou de Portugal, montou no Maranhão um gigantesco estaleiro naval.

      Em um longo e bem documentado processo de justificação, José Gonçalves aparece como proprietário do bergantim Amizade, da sumaca Madre de Deus e do navio Boa União.

      As suas exportações em 1807 alcançaram 18 807 sacas de algodão, de arroz 30 000 arrobas e de farinha mandioca várias toneladas.

      Instalou uma empresa de salga de peixes, financiou a abertura da cachoeira do Munim, o armamento, fardamento e alojamento da tropa paga do Parnaguá, construiu a primeira quinta no Maranhão, onde plantou árvores frutíferas da terra e europeias, que passou a ser um lugar de visita pública, porque estava sempre de portas abertas. É a Famosa quinta do Barão ou do Barateiro.

      Veio a Portugal e logo foi nomeado como governador da fortaleza de S. Marcos e recebeu a ordem para usar a farda correspondente com os seus galões dourados. Enquanto isso, os seus navios enchiam os armazéns do Reino, com donativos de arroz, farinha, dinheiro, tudo a título gratuito.

      Em 1810 José Gonçalves atendeu a mais um pedido de socorro da Corte, fazendo ingressar nos cofres da Fazenda Real mais 10 contos de réis.

      Mandou construir uma capela estilo rococó dedicada a S. José na Quinta das Laranjeiras em São Luís província do Maranhão, em que as obras iniciaram em 1811 e terminaram em 1816.

      Este homem foi no Maranhão o grande financiador da fazenda do rei de Portugal. Por tudo isto, o príncipe regente em 1818 concedeu-lhe a alcaidaria-mor de Itapicuru-Mirim, passando o Alcaide da vila, com todos os requisitos de sede de governo, acabando por falecer mais tarde em 1821 em Nossa Senhora da Vitória com este título.

      Era dono de uma fortuna incalculável, teve três filhos; Luísa Maria Espirito Santo Gama, legítima, a quem coube a herança do morgado; e legitimou por testamento os outros dois, José Francisco Gonçalves da Silva e Maria Quintéria Silva.

publicado por Abraão Mendes às 18:38
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Terça-feira, 20 de Julho de 2010

Empresário de Cerva fez história no Brasil

         Em 1763 Salvador deixa de ser capital do Brasil, a província da Bahia, é a primeira a desenvolver a sua própria actividade editorial.

         Manuel António da Silva, nascido no ano de 1761 em Cerva, (Serva à maneira de alguns documentos antigos) comerciante, e tal como muitos outros daqueles tempos, emigrou para o Brasil, nomeadamente para Salvador, Brasil, no ano de 1797. Aí começou a vender móveis cristais e livros importados da Europa.

         Quando o Príncipe Regente a caminho do Rio em 1808, onde tinha a sua Residência Real, fez uma visita inesperada a Salvador, as forças locais empenharam-se ao máximo para persuadi-lo a permanecer na cidade, mas não o conseguindo mesmo assim, ficaram atentas ao desenrolar dos acontecimentos.

Observaram que um dos primeiros resultados da chegada da Côrte foi a organização da Imprensa do Governo. Imediatamente o livreiro, Manuel António da Silva Serva, tenta obter a permissão para ir a Inglaterra e adquirir um prelo (máquina tipográfica de imprimir manualmente) para a Bahia.

         Após uma pequena passagem por Lisboa, para contratar os artesãos necessários em 18 de Dezembro de 1810, apresentou ao governador Conde dos Arcos, que tinha sido nomeado em 30 de Outubro do mesmo ano, há pouco tempo, um pedido formal de autorização para começar a imprimir.

         Não confiando muito, e como não tinha provas de que já tivesse imprimido alguma coisa, pelo sim, pelo não, resolve partir para o Rio, pensando que lá poderia influenciar no resultado do seu requerimento, e ao mesmo tempo não perdeu a oportunidade de fazer alguns negócios aí durante a sua permanência, pois publica uma “Notícia do catálogo de livros que se achão á venda em casa de Manuel António Silva Serva, na Rua de S. Pedro nº 17 o qual o faz por hum commodo preço {…} atendendo a demorar-se muito pouco tempo nesta Côrte”.

        Esta lista deve ser o catálogo mais antigo de uma livraria brasileira, com mais de setecentos itens, ordenada por títulos. Os preços mais comuns eram $480, $560, $960 por volume (devido ao facto de as moedas da época serem múltiplos de quarenta réis). Exemplos: “Curso de Matemática por Belindoso. Com estampas, 4 volumes; Constituição da Hespanha; Exame de Bombeiros. Com estampas; Compendio d’Agricultura, 5 volumes; e o mais caro, Dicionário Italiano e Portugeuz, 2 volumes 16$000”.

Se assim foi, estava certo: A carta régia que instruía o governador a aprovar a sua petição foi publicada a 5 de Fevereiro de 1811, três meses depois.

Voltando à Bahia, nos Princípios de Abril de 1811, Serva começou imediatamente a trabalhar, produzindo as suas primeiras edições em 14 de Maio:

Um prospecto de quatro páginas para um jornal, um “Plano para o Estabelecimento de huma Biblioteca Publica na Cidade de S. Salvador” (em quatro páginas) e um impresso em onze páginas, “a Oração Gratulatoria do Príncipe Regente” de Inácio José Macedo.

         Os projectos de um jornal e de uma biblioteca pública eram, ambos, claras tentativas de competir com o Rio de Janeiro, e os dois foram realizados pouco depois. A biblioteca, inspirada pela inauguração da Biblioteca Real Portuguesa, no Rio em 27 de Julho de 1810, deveu-se muito ao interesse do Conde dos Arcos.

Livro editado por Manuel António da Silva Serva.j

          Para aprovar as publicações de Serva, o Governo Provincial criou uma Comissão de Censura, formada por cinco membros, dois dos quais deviam ser clérigos. Essa comissão funcionou até 1821. O número de empregados da oficina – o impressor chefe Marcelino José, o revisor de provas Bento José Gonçalves Serva, seis aprendizes de composição (meninos entre 12 e 15 anos), quatro impressores e um encadernador, já com dois prelos. A sua tipografia era maior do que um mercado de tamanho tão limitado poderia justificar: o catálogo que publicou em 1812 não exigiu uma tiragem superior a cem exemplares.

          Durante o seu primeiro ano teve a ideia também de fabricar prelos em madeira de pau-brasil e exporta-los para Inglaterra, onde se trocaria por suprimentos de papel e outros equipamentos. Mas o pau-brasil era monopólio da Coroa. Entretanto aparece o prelo de ferro, mas o seu custo era elevado, de cerca de 90 libras. No ano de 1815 foi-lhe concedido um empréstimo (quatro contos de réis pagáveis em dez anos). O governo também lhe prestou auxílio quando lhe confiscou um prelo concorrente que fora importado em 1810, pela firma Barroso, Martins Dourado e Carvalho. O Embaixador Português em Londres havia relatado que esta aquisição fora uma iniciativa secreta do próprio Hipólito da Costa, mas é possível que esta tenha servido apenas de agente comercial, pois no jornal que fundara untuosamente intitulado “Gazeta da Bahia, Idade de Ouro”, seus redactores, o português Diogo Soares da Silva de Bivar e o padre Inácio José Miranda, assumiram perante as autoridades uma lealdade quase servil.

       Serva, um homem “alto, gordo, rosto redondo trigueiro e bastante barba”, num esforço para ampliar seu mercado, nomeou seu conterrâneo, Manuel Joaquim da Silva Porto, seu agente no Rio, para vender suas publicações. Alem disso, fez várias viagens à capital do império para obter encomendas. Como os preços cobrados pela impressão Régia eram escandalosamente altos, tornava-se fácil conseguir tais encomendas. Assim, ele foi o primeiro concorrente da gráfica do Governo, visto que, antes de 1821, os concorrentes do Rio eram proibidos de trabalhar.

        Durante a quarta dessas viagens para o Rio, Silva Serva morreu, em 3 de Agosto de 1819. Dois meses antes, tinha admitido como sócio seu genro, José Teixeira e Carvalho, de modo que a firma continuou como “Typografia da Viúva Serva e Carvalho”. Mais tarde, em 1819, o seu único filho (também Manuel) começou a trabalhar na firma. Nesta altura a situação da firma estava boa, devido pois a aprovação pela censura, de alguns livros. Veio a público somente em 1817, que os dois prelos estavam tão sobrecarregados de trabalho que foram precisos dois anos para desobrigar-se das tarefas.

         A editora de Silva Serva sobreviveu até 1846, mas perdeu a sua posição de monopólio em 1823. Durante a luta pela independência em 21 de Agosto de 1822, a junta pró-Portugal passou a governar em Salvador, e invadiu as suas instalações para interromper a impressão do jornal nacionalista, o Constitucional. Seus editores fugiram para Cachoeira, onde instalaram a sua própria gráfica e imprimiram sua continuação, o semanário O independente Constitucional. Nesse ínterim, a tipografia de Serva continuou a produzir a sua Gazeta da Bahia, pró-Portugal. Quando a causa nacionalista triunfou, a 24 de Junho de 1823, não só apenas a Gazeta da Bahia teve de interromper a sua publicação mas também a Tipografia acompanhou as forças brasileiras vitoriosas de volta à capital provincial.

         A produção conhecida da editora de Silva Serva, durante a sua vida somou cerca de 176 títulos publicados.

Com a morte de Silva Serva, Salvador perdeu muito do seu interesse como centro editorial.

publicado por Abraão Mendes às 18:39
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Segunda-feira, 20 de Abril de 2009

Cerva, terra de D. Afonso Sanches

     D. Afonso Sanches, nasceu em Cerva no ano de 1289, filho de D. Dinis e de D. Aldonça Rodrigues Talha.

     Filho predilecto de D. Dinis talvez por ser o primeiro antes do casamento com a Rainha Santa Isabel, e por acompanhar sempre o seu pai.

     D. Afonso Sanches casou com D. Teresa de Martins (de Meneses),  no ano de 1304.

     A 2 de Dezembro de 1312, dez meses após a morte do Conde Martim Gil, por carta escrita pelo Rei D. Dinis concedeu a seu filho Afonso Sanches e sua esposa vinte mil libras, com as quais compra numerosas terras que Martim Gil tinha entre Douro e Minho, entre outras as terras de Cerva e Atei.

     Talvez por tudo isto é que D. Dinis, seu pai e Rei de Portugal, ordenou ao seu porteiro, quando das inquirições que entrasse em todas as freguesias excepto na de Cerva e Atei.Cerva - D. Afonso Sanches.jpg

     D. Afonso Sanches no ano de 1318 envolve-se na origem e protecção do mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde. No ano de 1322 manda construir em Castela o castelo de Albuquerque na Estremadura Espanhola.

     D. Dinis presta auxílio ao Mosteiro no ano de 1319 e nomeia Afonso Sanches mordomo-mor do Rei ou da Corte (maior homem da casa del-Rei). Destacando-se pelo seu talento para a poesia. Por este motivo o seu irmão Afonso levantou contra o seu pai uma revolta.

     Mais tarde, no ano de 1323, o Rei e seu filho Afonso fazem as pazes. D. Afonso Sanches vendo o seu pai doente e conhecendo o rancor do seu irmão, resignou ao cargo de mordomo-mor e refugiou-se com a família no Castelo de Albuquerque. É nomeado Senhor de Albuquerque.

     D. Dinis morre a 7 de Janeiro de 1325, D. Afonso é aclamado Rei de Portugal passando a ser D. Afonso IV. A sua primeira decisão foi mandar executar um outro irmão ilegítimo, D. João Afonso, mas não pôde fazer o mesmo com D. Afonso Sanches. No entanto promulgou um decreto que o condenava ao desterro perpétuo e lhe confiscava os bens que possuía em Portugal. D. Afonso Sanches pediu a devolução de seus bens e, perante a recusa, juntou um exército com o qual invadiu Portugal, por Trás-os-Montes. As tropas reais nem sempre saíram vencedoras. A Rainha Santa interveio para dar um fim a esta luta.

     Foi feito um Tratado de Paz no ano de 1326 em que D. Afonso Sanches viu restituídos os seus bens patrimoniais.

     D. Afonso Sanches morre em 1329 no Castelo em Albuquerque. O seu corpo foi levado para o Convento de Santa Clara de Vila do Conde.

     Actualmente encontra-se no seu túmulo na Capela dos Fundadores do Mosteiro.

publicado por Abraão Mendes às 18:19
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