Arte rupestre descoberta em 2003, em pedras do parapeito da Ponte Romana de Cerva sobre o rio Póio apresenta figuras pontilhadas que possivelmente contam lendas dos heróis da Lusitânia.
Entre outras, há uma pedra que nos parece ser a mais interessante, caída há vários anos pertencente ao parapeito lado jusante, posteriormente aplicada na base de umas Alminhas, que apresenta da esquerda para a direita, um Soldado Romano com uma Cerva no seu ombro esquerdo, uma Águia uma Cruz Latina ao centro e do lado direito uma figura demoníaca com chifres e forquilha (Mouros ou Celtas), sobre uma ponte com dois arcos.
Antes de mais para ajudar a compreender melhor estas simbologias, durante o império Romano a Águia e a Cerva, incorporadas em estátuas, gravuras, por um lado tinham um duplo significado, identificavam o Pro cônsul, Cônsul, General ou Imperador, e por outro lado faziam alusão à apoteose, consistiam em elevar alguém ao estatuto de divindade, ou seja endeusar ou deificar uma pessoa devido a alguma circunstância excecional. No mundo antigo esta circunstância era geralmente considerada para os heróis. Era a ascensão da alma. Apoteose que remete para a divindade.
Sabemos através da história que existiram três principais Procónsules Lusitanos que quiseram dar autonomia à Península Ibérica, estando contra determinadas leis impostas pelo império sedeado na capital Roma, com objetivo da independência da Península; foram eles Viriato em 140 a.C. Decimo Júnio Bruto o Galaico em 138 a.C., Século II a.C., que esteve acampado em Cerva no com a sua legião, seguido de Aníbal ou Sertório no Século I a.C.
Daí segundo a lenda, Spano ofereceu uma Cerva a Sertório. Esta Cerva inspirava-o, era considerada uma deusa com espírito divino, adivinhava, previa o que poderia vir a acontecer, dava-lhe conselhos certeiros para atingir as suas vitórias contra o seu principal opositor.
Quinto Sertório ou Aníbal nasceu em 122 a.C. e morreu em 72 a.C. Foi enviado para a Península Ibérica em 83 a.C. governou a Hispânia Ulterior e a Citerior. Devido a não estar de totalmente de acordo com a política imperial, mas sim a favor dos Lusitanos, foi expulso pelo Sila de Roma, das suas províncias para terras Africanas.
Voltando em 80 a.C. revoltado iniciou uma campanha na Península Ibérica para recuperar as suas províncias, e como já era conhecido pelos Lusitanos, de imediato lhe deram o seu apoio como líder. Dominou e derrotou sucessivamente os exércitos comandados pelos generais vindos de Roma.
O seu sucesso foi de tal ordem, levando a que muitos romanos desertados encontrassem aqui um refúgio aos sobressaltos políticos vividos em Roma, adquirindo assim mais aliados obviamente. A política de assimilação da situação das suas conquistas fez com que concorresse com a administração de Roma ao tentar implantar entre os Lusitanos os usos e costumes.
As políticas continuadas pelos sucessores, conduziram à divisão da península em várias zonas administrativas e ao fim do império romano, deixando por cá muitos vestígios da sua presença, criando assim a atual península ibérica, constituída por dois países, dos quais no que respeita a Portugal, muito devemos ao nosso conquistador D. Afonso Henriques.
As pontes de Cerva de origem romana foram mandadas restaurar ainda no tempo do nosso primeiro Rei D. Afonso Henriques (o conquistador), e estavam em restauração no ano de Cristo de 1185 como está mencionada no testamento do Bispo D. Fernando Martins, que coincide com o ano de início do reinado do nosso segundo Rei D. Sancho I (o povoador), com fim de incrementar o comércio dos mercadores entre as vários povos para criar a autossuficiência da população e a fixação no nosso jovem Reino de Portugal.
Voltando ao assunto, nesta fase da idade média, era comum retratar-se os feitos heroicos, através de gravuras nas pedras ou através de lendas, para dignificar e encorajar as cruzadas nas suas conquistas. Possivelmente aqui em terreno da Antiga Lusitânia quiseram deixar gravados nestas pedras para a eternidade, todos esses feitos heroicos dos anteriores guerreiros.
Cerva Branca de Certório (Cerva Albina)
Tanto assim é, que até mais tarde o próprio Luís Vaz de Camões nos seus Poemas Heroicos, na altura dos descobrimentos, fez referência à lenda de Sertório no Canto Oitavo dos Lusíadas, como podemos ler:
… 8
“Vês, connosco também vence as bandeiras
Dessas aves de Júpiter validas;
Que já naquele tempo as mais guerreiras
Gentes de nós souberam ser vencidas;
Olha tão sutis artes e maneiras
Para adquirir os povos, tão fingidas;
A fatídica Cerva que avisa.
Ela é Sertório, e ela a sua divisa.”…
Sabe-se que a Torre de Sertório fazia parte do Feudo dos Condes de Basto, assim como Cerva.
Nestas circunstâncias que não há margem de dúvida para concluir que estas pedras retratam a lenda dos feitos heroicos, a valentia do cônsul Aníbal ou 5º Sertório a sua tenacidade contra a subordinação de Roma. Nas pedras do parapeito ou corrimão da Ponte Romana de Vila de Cerva sobre o rio Póio está retratada de forma pontilhada a lenda de Quinto Sertório ou Aníbal do século I a.C.!
Limpeza da zona envolvente da ponte de Cerva pela Junta de freguesia, põe a descoberto o que resteu da antiga Ponte Romana Grande e o respetivo Moinho que com ela confinava.
Esta zona vai ser recuperada, visto ter aparecido ainda um pequeno arquinho da antiga ponte. Não seria despropositado colocar uma imagem fotografica ou pintura em painel azulejo, da mesma, neste local para a eternizar.
Segundo referencias encontradas em livros antigos, foram decretadas cinco medidas “quinque modios” no “Anno de Christo de 1185, Era de 1223”, fim do reinado de D. Afonso Henriques (O conquistador) e início do de D. Sancho I (O Povoador), no testamento do bispo D. Fernando Martins. Entre elas a reconstrução das pontes de origem romana de Cerva.
O blogue Vila de Cerva foi investigar, e encontrou as as presumíveis duas últimas pessoas, um homem e uma mulher, que passaram na Ponte Romana Grande, no preciso momento e outra antes da sua queda.
A testemunha ocular da queda foi o senhor Antero, ex-proprietário da casa junto à ponte, que contou o acontecimento na Barbearia no R/C da Casa do Povo de Cerva em 1983, nesta data morador em Escoureda, António Mendes registou o depoimento por escrito, que é o seguinte:
“ – Eu, vinha de trabalhar de um dos campos do lado de Cerva, e ia a pé para casa, já não podia trabalhar mais porque chovia muito, a água do rio Póio já era tanta, que tinha galgado as margens dos campos, atravessei rapidamente a ponte, para não me molhar o tanto, e ao dar a primeira passada fora dela, ouvi um grande estrondo, olhei para traz, para ver o que tinha acontecido, vi uma parte da ponte a desabar juntamente com aquela quantidade enorme de água! Fiquei abismado, nunca tinha apanhado tamanho susto, tive muita sorte!...” disse.
Uma outra pessoa passou poucos minutos antes:
A Sr.ª Luísa precisou de ir fazer umas compras, passou obrigatoriamente na ponte de Cerva minutos antes com o seu cavalo. Fez as compras, e na volta deparou-se com a trágica situação, parte da ponte já tinha caído! Não podia passar. A ponte nova ainda não estava pronta, andava ainda em construção, já tinha os pilares de um lado e do outro e as vigas longitudinais para suportar o tabuleiro, faltavam-lhe as transversais, não podia de forma nenhuma atravessar a nova ponte, e ainda tinha a agravante de o cavalo ter que passar também. O que fazer? Pensou ela, nada, e assim se passaram vários minutos, num cenário de mau tempo.
1 - Ponte Romana com dois arcos de volta perfeita. 2- Ponte Romana com um arco de volta perfeita. 3 - Ponte Romana Grande com três arcos de volta perfeita. 4 - Pormenor do Moinho.
Bem, a determinada altura, chegou um camião, carregado de vigas e ferro para a ponte. O encarregado da construção tendo-se apercebido da situação, logo de imediato deu ordem aos trabalhadores para fazerem uma passagem improvisada, e colocar as vigas, que entretanto chegaram, espaçadas transversalmente, e por cima delas umas tábuas de madeira de Soalho da cofragem da ponte, mas…, o problema persistia, se fosse só ela passaria, mas o cavalo, estava assustado, talvez por as tábuas estarem muito espessadas não queria atravessar, de maneira nenhuma. Ela salta então abaixo dele e de repente surgiu-lhe a ideia de lhe tapar os olhos e leva-lo á mão. Se assim o pensou, assim o fez, acabou por resultar, lá atravessou a Senhora Luísa e o seu cavalo tendo chegado toda molhada ao destino que pretendia.“ – A água era tanta, que cortou a direito levando tudo pela frente! Foi assustador” afirmou a Senhora”. Estas duas histórias foram verídicas e contadas por elas próprias. Uma delas já falecida e outra ainda viva.
Depois de ter sido recuperado há muitos anos atrás, um exemplar de Azenha junto ao rio Lourêdo, seria interessante conservar o que ainda existe da ponte e restaurar também este Moinho conforme a foto antiga, até porque está muito bem localizado para depois ser visitado. Sabe-se que os Moinhos de Rodízio Horizontal movidos a água foram introduzidos em Portugal pelos Romanos, e o mais antigo que se conhece data de 85 a.C. Os Moinhos tiveram uma grande representatividade na região e especialmente aqui em Cerva, devido a ser desde sempre uma zona de grande produção de Milho que continua enverdecer e “decorar” os campos deste vale do Póio no verão. Após a colheita das espigas, feita a desfolhada, a secagem nos grandes Espigueiros e a Malhada nas suas grandes Eiras, o grão seguia para ser moído nesses Moinhos e partir daqui é que saía a farinha para fazer a tradicional Broa de Milho nos fornos de barro caseiros, mas também deles saiam e reconhecidos milhos, para serem confecionados pelas famílias, hoje considerados gastronomia de excelência local.
Quanto à atual Ponte Romana com dois arcos de volta perfeita e um talhamar central, atualmente existente sobre o rio Póio, em Cerva, teve uma provável reparação no ano de 1603, conforme data encontrada num dos parapeitos. A esta, após a queda das pontes da Cabriz e da Ponte Romana Grande com a cheia de 1936, segundo informação recolhidas através de pessoas mais antigas e ainda vivas, foi feito o ainda existente desvio de parte do leito do rio Póio, para a proteger das fúrias das águas no Inverno. Encostada a esta existiu também um Moinho de Rodízio Horizontal.
Perspetiva da Ponte Romana Grande sobre o rio Póio.
A Ponte Romana sobre o rio de Lourêdo, em Cerva, com um grande arco de volta perfeita, quando da construção da autoestrada, serviu de acesso para levantar a ponte da A7, com a passagem de máquinas de grandes dimensões foram-lhe derrubadas algumas pedras do corrimão. Segundo informação da Junta de Freguesia, já foram recuperadas e em breve ser-lhe-ião recolocadas. e junto a ela já foi feita uma limpeza local do mato parai ser criado um parque para receber quem a visitar.
Atualização em 29/08/2020:
Segundo informação recolhida sobre à Ponte de Lourêdo, até ao presente momento nenhuma pedra lhe foi recolocada e antes pelo contrário mais pedras lhe foram derrubadas. Há agora também uma árvore na ponte do lado montante que precisa de ser cortada porque já está a provocar deformações nas pedras da ponte com as suas raízes. Sabe-se também que de momento está a ser retirada a madeira queimada da zona onde há anos houve um grande incêndio. Os Cervenses esparam que depois da retirada das madeiras tudo seja feito como anteriormente planeado.
Cervenses satisfeitos com a intervenção realizada na Ponte Romana de Cerva sobre o rio Póio.
Quase trinta e quatro anos depois do primeiro alerta dado pelo “Jornal de Notícias”, de que “Actos de puro vandalismo estão a ser levados a cabo contra o património histórico da freguesia de Cerva”, nomeadamente quatro grandes pedras de guarda da Ponte Romana que tinham sido derrubadas, posteriormente mais algumas usadas para reconstrução de alminhas, e sete anos decorridos da chamada de atenção para a reposição dessas guardas em falta e limpeza da sua pedra, por parte deste blogue “Vila de Cerva”, esta jóia arquitetónica encontra-se agora devidamente restaurada e limpa.
As obras de conservação e restauro passaram por duas fases:
A primeira em anos anteriores pela recolocação das guardas que lhe estavam em falta e reparação do seu pavimento.
Muito recentemente a segunda, passou pela limpeza das heras, musgos e silvas, que já tinham quase por completo coberto o seu granito.
Os Cervenses agradecem às entidades competentes que mandaram realizar todo este trabalho de conservação e limpeza, comentando que “a ponte agora ficou mais bonita…”.
O Pelourinho foi primitivamente erguido junto dos antigos Paços do Concelho em 1617, mas com mais degraus de apoio á sua base, tendo sido depois transferido para o largo do mercado. Esteve desmontado em 1951, e por iniciativa da Junta de Freguesia em 1952, foi felizmente reerguido definitivamente no seu local original, junto dos antigos Paços do Concelho, onde a sua arquitetura se harmoniza, ficando assente em apenas um pequeno degrau.
Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1933 (I.I.P. Decreto n.º 23122, publicado no «Diário de Governo» n.º 231 de 11 de Outubro de 1933) de construção simples, assente apenas num único degrau paralelepipédico, a sua base (plinto) é cubica onde pode ler-se na sua face anterior a inscrição 1.6.1.7 A.N.O.S., a partir da sua face superior aparecem dois anéis circulares a diminuir progressivamente o seu raio até ao diâmetro do fuste prismático de secção octogonal, conseguido através do ligeiro chanfro das arestas de um pilar quadrangular, com um pequeno furo na face anterior, aproximadamente a cerca de um terço da sua altura, onde esteve fixada uma pequena argola em ferro com as suas correias. O seu capitel é quadrangular, seguido de uma concavidade semicilíndrica nas quatro faces laterais, terminando no seu topo com uma pirâmide quadrangular.
Continuam a decorrer os trabalhos de execução da Regeneração Urbana da Vila de Cerva, precisamente agora em Paço Vedro, local que merece uma especial atenção em relação ao arranjo urbanístico arquitetónico, para que o Pelourinho não fique inferiorizado. Não seria porem despropositado que lhe colocassem pelo menos três degraus na sua base acima da cota do novo passeio, para lhe dar um maior realce, e uma mais completa originalidade, à semelhança dos restantes pelourinhos portugueses, tal como foi executado ha uns anos atrás no cruzeiro de Cabriz.
Nesse local (rua Padre Anónio André) existe um cruzeiro embutido num muro de suporte que há dezenas de anos está semi-destruido, e até hoje parece que está esquecido. Depois de recuperado, talvez não ficaria mal no centro do entroncamento, caso não coloquem o tal monomento. Há vários anos que se fala num monomento em homenagem aos mineiros que trabalharam nas minas de Cerva, junto à E. B. 2,3, mas nada ainda foi colocado.
Depois da construção da Auto-Estrada, a Ponte de Louredo ficou sem algumas pedras, das suas guardas, devido à passagem de máquinas de grandes dimensões. Era necessario que as voltassem a colocar. Alertam-se as autoridades competentes para estas pequenas recuperações. Eis a sugestão, e os cervenses agradecem.
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