As serras que circundam a vila de Cerva, sempre tiveram nas suas entranhas uma grande riqueza mineral "Volfrâmio" que também pode ser chamado de "Tungsténio" (material pardacento cujo aspecto difere pouco do ferro).
Em 1908 foi iniciado o processo para entrarem em funcionamento, mas só em fevereiro de 1911 foi autorizado o funcionamento das minas do Monte da Corda do Monte da Sobreira.
Gasômetro , martelo de "Pilha " e pedra de Volfâmio.
A 8 de fevereiro de 1912 por portaria do Governo da República Portuguesa, através do Ministro do Fomento José Estevão de Vasconcelos, nos termos do artigo 39º para o Aproveitamento de Substâncias Minerais de 4 de julho de 1894 e com o parecer do Conselho Superior de Obras Públicas e Minas foi dada oficialmente aprovação para entrar em funcionamento a Mina do montado de Adoria.
Minas de Volfrâmio de Cerva - Oficina de Preparação Mecânica - Lavaria do Penoso.
A primeira conseção foi dada à Sociedade Anónima Belga “Compagnie Miniere du Tungsténe" e de acordo com uma carta encontrada, esta empresa comunicava o seu envio ao Comissário Especial de Polícia Raymond Carence, localizado em França, próximo da Alemanha, em “22 Rue de Maries a Bricy, Meurthe-et-Moselle” para verificar a passagem e confirmar a sua entrada na Alemanha.
Mais tarde, em 24 de setembro de 1913, a posse foi transferida para Gostave Thomás..
Posteriormente outras concessionárias, internacionais e mais tarde nacionais, aqui laboraram.
Minas de Volfrâmio de Cerva - Escritórios - Lavaria do Penoso.
A "Sociéte Civile d'Études de Tous Gisements Miniers" (Sociedade Civil de Estudos de Todos os Campos Mineiros) com sede em Paris, foi a primeira empresa a dar apoio tecnico às minas do Monte da Corda, da Sobreira e de Adoria.
Entre outras empresas que aqui laboraram, em 1938 o Estado Português concessionou a José Cândido Dias a exploração das minas de Adoria, em 1944 era a Empresa Mineira de Sabrosa L.da e a Companhia Alemã.
Minas de Volfrâmio de Cerva - Aqui pode ver-se, do lado esquerdo do rio Lourêdo, dois antigos montes de areias, junto ao atual estaionamento do parque "Os Cervimhas", provenientes da Lavaria do Penoso situada do lado direito do mesmo rio.
Em 1943-1945 era a "Companhia Portuguesa de Minas - Concessão de S. João de Escourêda", em 1956 "Minas de Cerva SARL", com sede na Rua Alexandre Herculano 11-2º -D 4 228 Lisboa. Saliente-se que só neste ano é que foi inaugurada a chegada da energia elétrica às minas, antes a extração era feita à luz de gasómetros.
Manuel Teixeira Torres - Pessoa ligada à administração o Couto Mineiro de Adoria na vila de Cerva.
A partir de 18 de Julho de 1957 ficaram a laborar só duas minas de 1ª Classe denominadas, Pedras de Amolar e Lomba do Crasto, concessionadas à “Sociedade Portuguesa de Minas da Lomba de Crasto, Lda.”. No ano de 1968 a empresa que fazia as pesquisas geológicas era a "United States Geological Survey”, Bldg 25 Topo Denver Federal Center Colorado USA. Esta ultima empresa Mineira conseguiu extrair e exportar o seu volfrâmio até 1972, ano que apresentou as produções de 0,032 toneladas de Estanho e 0,500 toneladas de Volfrâmio. Findada a extração a empresa ainda existiu até 1991.
O seu ponto mais alto de produção situou-se no período da segunda guerra mundial, devido ao seu interesse comercial, chegaram a trabalhar nestas minas cerca de cinco mil pessoas, tendo sido considerado na altura o "Ouro Negro Português", por ser a maior fonte de rendimento e de emprego, tanto na região como no País.
Segundo documentos da "German Foreign Policy" (política externa Alemã) entre 1918-1945 as Minas de Cerva extrairam e exportaram 7 milhões de toneladas de matéria prima para a Alemanha.
Plataforma rampeada de descarga de inertes mineiros e Lavaria.
Uma das mais antigas e principais estruturas de lavagem e separação do Volfrâmio das Minas de Cerva, com parede dupla em granito aparelhado, localizada junto ao rio Lourêdo, na Lavaria do Penoso. (2020 - Estrutura com 60 x 10 m - Património Mineiro recentemente demolido! - Decisão inacreditável e lamentável. Tanto quanto se sabe é crime punível por lei destruir património).
Breve estudo de funcionamento da estrutura de lavagem de volfrâmio do Penoso. (Inicialmente os inertes eram transportados das minas para aqui em carros de bois, subindo a rampa e descarregando. Posteriormente para uma maior eficiência e rapidez de transporte passaram a vir via cesta do então inovador Teleférico).
(Há quem diga que aqui existiu uma ponte. Esta estrutura, assemelha-se a um apoio e fixação do um tabuleiro de uma ponte pênsil. Não é por acaso se encontrar no seguimento da "Quelha" romano-medieval, denominada "Estrada Real de Dona Maria" macadamizada, vinda do centro de Cerva passando pela Feira direção ao Penoso e continundo).
Entre o entroncamento da estrada de Adoria com a de São João e o atual Hotel, havia um conjunto de casas de madeira alinhadas. chamado de "Bairro das Taipas" onde moravam temporariamente pessoas que trabalhavam nas minas de S. João e Adoria.
Teleférico de transporte de Volfrâmio, do Complexo Mineiro de Cerva, para a Lavaria do Penoso.
Alguns cervenses que nelas trabalharam, findada a sua produção mudaram-se, para as Minas de Ouro de Campo de Jales até ao seu fim, onde algumas atualmente ainda lá se encontram, outras para o Porto e Lisboa.
Chaminé da "Oficina de Preparação Mecânica" das Minas de Cerva - Lavaria do Penoso.
O período da extração mineira foi muito importante para Cerva, porque trouxe progresso e desenvolvimento para esta vila.
Tigela de alimentação dos Mineiros de Cerva.
Como é natural, deixaram saudades, porque aqui passaram-se muitas histórias de amor, felicidade, riqueza, mas também de tristeza, e doença, marcaram por assim dizer, as pessoas da região ao longo da sua vida.
Na Vila de Cerva, depois de ter sido criada a Praia Fluvial das Meadas que é atualmente muito concorrida, ter um Parque de Caravanismo, terminada a regeneração urbana, para o bem-estar dos residentes e de quem a visita, com fins turísticos possui agora 3 percursos pedestres devidamente sinalizados.
A Grande Rota 1 (GR1) do Volfrâmio com cerca de 34 Km, tem recente Memorial ao Mineiro e Museu do Volfrâmio para visitar, permite percorrer toda a área da freguesia ligada a sua anterior atividade mineira.
Á direita a rua do Penoso conjuntamente com a indicação da sinalização da Rota leva-nos a 200 m à antiga zona das estruturas de lavagem, separação, tratamento final e armazenamento do Volfrâmio, extraído nas Minas de S. João e Adoria, para depois ser enviado daqui para a Alemanha.
Sinalização de Percurso Pedonal, indicando a Lavaria de Volfrâmio do Penoso, junto ao PT e Memorial ao Mineiro (2020 - Recentemente retirada).
A Pequena Rota 3 (PR3) do Vale do Póio com cerca de 11 Km. permite ver a paisagem, património, fauna e flora de Cerva.
A Pequena Rota 4 (PR4) do Linho com cerca de 22 Km permite visitar, a Cooperativa de Atesãos Cervenses, o Museu do Linho em Limões, as povoações da União de Freguesias de Cerva e Limões., o que de melhor se fabrica e produz, o património edificado e conhecer a sua história e tradições.
Para finalizar, relembramos que falta agora o arranjo ribeirinho entre as duas pontes conforme anteriormente planeado, e permitam-me dizer que Cerva também podia fazer parte da Rota do Românico. Aqui fica a sugestão.
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